Art, // March 20, 2022

Malu Perlingeiro — ARTIST

Malu Perlingeiro

 

Entrevista com a artista Malu Perlingeiro —

1. Fale um pouco sobre você.
Sou carioca, nasci no Rio de Janeiro e moro em Brasília – DF desde 1994.
Minha formação ocorreu no Centro de Artes, na Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (ICAT/AEUDF) em 1996. Desde então, frequentei ateliês e workshops de Arte e História da Arte ministrada por renomados artistas nacionais e estrangeiros, como: Manoel D’Azevedo, Denise Naschif, Lourenço de Bem, André Lafetá, Milan Dusek, Vera Pugliese, Wagner Barja, Carlos Bracher, Jay Midler, Charles Watson, Mariana Cimpeanu (Bucareste – Romênia), além de alguns cursos de extensão no Brasil e no exterior, buscando aprimorar minha técnica e meus conhecimentos teóricos (Universidade de Brasília- Unb, na Universidade de Évora – Portugal, na Fundação José Rodrigues, Porto – Portugal, e no Museu de Arte Contemporânea em Bucareste, Romênia).

 

 

2. Por que a arte?
A ARTE me completa. Permite que eu não somente reproduza o que sinto e o que vejo objetivamente, mas, principalmente, olhar para dentro e expressar sentimentos e emoções, traduzindo e trazendo à tona quem sou, onde estou, o que me rodeia.

3. Qual é a sua lembrança mais antiga de querer ser uma artista?
Desde criança gostava muito de desenhar, pintar, fazer colagens. Sempre fiz muito artesanato, como forma de colocar para fora a energia que sentia nas mãos. Meu avô materno e meu pai de algum modo me inspiraram com desenhos e pinturas, mas foi meu irmão, grande desenhista, quem despertou em mim a vontade de vencer o que eu considerava um desafio. Comecei então a fazer alguns cursos, ainda no Rio de Janeiro, no início dos anos 80.

 

 

4. Quais são seus temas favoritos? Quais materiais utiliza em suas obras?
Minhas obras têm como característica a arte figurativa, passeando entre o realismo mais acadêmico e a abordagem contemporânea, seja retratando paisagens, figuras humanas, cenas urbanas. Mas minha paixão é representar a arquitetura colonial brasileira. Não me encontrei nas esculturas nem nas experiências em instalações de vários formatos e sobre variados temas. O que de fato me realiza é a pintura sobre tela, normalmente em tinta acrílica, embora vez ou outra me sinta atraída pela arte sobre papel, em bico de pena, aquarela e pastel.

 

 

5. Como você trabalha e aborda o tema de suas obras?
A arquitetura colonial brasileira me fascina. É um tema que me dá prazer e me permite expor minhas entranhas.
No início eram simples reproduções quase acadêmicas de janelas, portas, pedaços de parede e grades colhidas em fotos pelo Brasil a fora. Rompendo barreiras auto impostas, aos poucos as representações passaram a tomar uma forma pouco ortodoxa e passei a me expressar nas telas com mais liberdade, em trabalhos mais conceituais, com um forte cunho psicológico. O tema passou por várias fases, saindo da simples pintura sobre tela.
Durante a fase das Janelas Objeto, inseria elementos reais às pinturas, como azulejos, madeira, ferro e material de demolição, como um complemento tátil, convidando os espectadores a interagirem, ao causar a dúvida entre o objeto e a pintura realista, em obras interativas.
Mais adiante, passei a desconstruir pictoricamente as figuras, fragmentando-as, gerando desencaixes e rupturas. Também aconteceram as desconstruções físicas, com rasgos reais nas obras em tela.
E então veio a fase das reconstruções, unindo em uma poética construtiva pedaços de mais de uma janela, em grandes colchas de retalhos.

 

 

6. Algum artista te inspira?
Difícil citar apenas um dentre tantos. Muitos artistas clássicos me inspiram e me levam a estudar suas pinturas, buscando traduzir em minhas próprias obras as noções apreendidas. O modernista Vicente do Rego Monteiro se destaca entre os brasileiros. O realismo de Gustave Courbet com seus detalhes e minúcias também muito me atrai.
Entre os paisagistas, vou do Impressionismo de Claude Monet à simplicidade do brasileiro José Pancetti. No Expressionismo, de Piet Mondrian a Lucian Freud. Como não citar o dadaísta Marcel Duchamp, com seus ready mades… E ainda o brasileiro Vik Muniz em suas experimentações com a arte voltada à sustentabilidade. Todos me inspiram e tem alguma influência sobre a arte que realizo.

 

 

7. Quais são as melhores respostas que você teve ao seu trabalho?
Meu trabalho tem recebido boas críticas, grande reconhecimento e é bem aceito no Brasil e no exterior. As pessoas se identificam principalmente com as obras sobre a arquitetura colonial em todas as suas vertentes, pois as remetem à infância, trazem lembranças e emoções muitas vezes profundas. É muito comum receber retorno dos que encontraram pedacinhos de seu passado e de suas memórias em minhas obras.

 

 

8. O que você mais gosta sobre em seu trabalho?
Gosto de compartilhar minha visão interior do mundo exterior por meio de meu trabalho. Externar minhas emoções em forma de pintura é essencial para minha vida e me traz grande prazer. Observar a resposta refletida no semblante de um observador, entenda ele ou não de arte, não tem preço.

 

 

9. Você tem alguma outra atividade, além de ser uma artista plástica?
Não tenho outra atividade. Sou artista plástica autônoma, profissionalizada pela Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Em meu atelier realizo minha produção artística. De vez em quando faço curadorias e produções, e já atuei algumas vezes como jurada em salões de arte. Sou representante do Conselho Curador do Circuito Internacional de Arte Brasileira – CIAB. Faço parte do Conselho Consultivo da Associação Candanga de Artes Visuais – ACAV, da qual fui durante muitos anos a Gestora de Comunicação Social. Colaboro com a Revista 15.47 entrevistando artistas visuais do DF para a coluna “Novas Artes em Brasília”. Assumi um compromisso comigo mesma de, dentro do possível, divulgar e compartilhar nas mídias sociais o que recebo sobre arte e cultura em geral. Dessa forma busco levar aos artistas e demais interessados as oportunidades de cursos, palestras e workshops, assim como a participação em exposições, salões e residências artísticas.
Essas atividades se complementam e me bastam, me completam.

 

 

10. Quais as suas principais participações em exposições?

• Desde 1998 participo dos Circuitos Internacionais de Arte Brasileira (CIAB), promovidos pelo Colege Arte. São realizados em galerias e espaços culturais de países da Europa, Ásia, América Latina e América Central.

• Mais recentemente participei da coletiva de artistas brasileiros SAUDADE EM MIAMI, na Seryolux Gallery, Miami – Flórida, USA, de novembro a dezembro de 2018.

• De março a maio de 2019 recebi a 3ª colocação na Bienal Europeia e Latino Americana de Arte Contemporânea – BELA BIENAL. No Centro Cultural dos Correios RJ.

• No Iate Clube de Brasília participei do III SALÃO DE ARTE IATE/ACAV no período de setembro a outubro de 2019.

• No período de abril a maio de 2021 realizei a exposição individual JANELAS COLONIAIS BRASILEIRAS em formato presencial e virtual, na Biblioteca Demonstrativa do Brasil – BDB.

• De junho a setembro participei da Coletiva Virtual em 3D, na Sala Expositiva Millennium. Nossa Galeria de Arte.

 

 

11. Que conselho você daria para outros artistas ou futuros artistas?
As artes visuais, diferentemente de outros tipos de arte, nem sempre são reconhecidas e valorizadas. Por maiores que sejam as dificuldades encontradas, não desistam. Enfrentem desafios, estudem, pratiquem, estejam abertos a críticas e ensinamentos, aprimorem seus conhecimentos artísticos, sejam autênticos. Somente dessa forma poderão crescer e conquistar visibilidade e respeito dentro de nossa categoria.

 

 

12. Onde você se vê daqui a 05/10 anos?
Quando cheguei a Brasília com a família em 94, em princípio para passar dois anos, nunca imaginei que o futuro seria nessa cidade. Que aqui nos estabeleceríamos, que a família aumentaria, fixaríamos residência, faríamos novas amizades, começaríamos a desempenhar novas atividades.
Minha intenção ao começar a vivenciar a arte em 96 era a de pintar e desenhar como uma forma de prazer, de satisfação pessoal, quase uma terapia ocupacional. Para minha surpresa a vida se desenrolou de forma a me permitir conquistar meu lugar e obter reconhecimento dentro da classe. Depois de curto tempo me vi como artista plástica profissional, Ente e Agente Cultural, desempenhando papéis até então inimagináveis a meus olhos. Que eu possa sempre sentir gratidão por essas mudanças de perspectiva que resultaram em uma vida completa e prazerosa.

 

 

13. Planos para o futuro.
O que o Universo me reserva? Não saberia dizer no momento. Mas sei que, esteja onde estiver, continuarei a ser a mesma pessoa, que nunca precisou pisar em ninguém para “subir” na profissão escolhida. Continuarei a respeitar e aplaudir meus pares, sabendo me colocar no espaço que conquistei, sempre com a intenção de crescer e alargar meus horizontes por mérito próprio, porém agradecendo a todos os que me ensinaram, vibraram por mim e torcem por meu sucesso.

 

 

Malu Perlingeiro

 

 

 

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Edmundo Cavalcanti

 

Edmundo Cavalcanti é nosso colunista de artes para Arts Illustrated em São Paulo, Brasil.

 

 

 

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