Art, // October 13, 2021
João Pedro Marques — ARTIST
Entrevista com o artista plástico João Pedro Marques —
1. Quem é você e o que você faz?
Sou o João Pedro Marques, artista plástico autodidacta
português. Iniciei-me nas artes plásticas em 2009 por
curiosidade e através da minha imaginação fértil. O meu estilo
de pintura insere-se no expressionismo abstracto numa
vertente mais onírica e visceral. Sou muito influenciado pelo
surrealismo e neo-expressionismo. O meu suporte é
maioritariamente tela e por vezes papel. Para além da pintura
sou assistente operacional num hospital público e licenciado
em psicologia.
2. Porquê Arte?
A arte permite-me a liberdade em criar e expressar as minhas
emoções num jogo entre a abstracção, a ilusão e a realidade.
Para além de um hobby e profissão é sobretudo um prazer o
acto de criar arte, no meu caso pintura. É extremamente
viciante, como uma adição ou dependência. Uma vez
consolidada, dificilmente largamos este prazer criativo e
artístico. A pintura em mim assim se consolidou. Passados
estes 12 anos, continuo a pintar e a criar com o mesmo
entusiasmo e maior desafio em passar para o nível seguinte
sem sentir a estagnação mas criando um estilo para a minha
assinatura.
3. Qual a sua primeira lembrança de querer ser artista?
A primeira lembrança de querer ser artista surgiu após
escrever um poema e conseguir criar a imagem desse poema
numa tela com tinta acrílica e óleos, incluindo alguns pastéis.
A partir daí, saltei para a próxima tela, um espantalho pintado
num conceito niilista. Não existe supostamente uma
lembrança ou desejo inicial, simplesmente e naturalmente
tudo surge.
4. Quais são os seus assuntos e mídias favoritos?
A nível artístico os meus assuntos e interesses passam pelo
surrealismo e expressionismo abstracto. A originalidade da
pintura comprometida actualmente pós-vanguardista e sua
antítese polémica, que contribui para conceitos niilistas-
existenciais, que influenciam a arte. As redes sociais são um
veículo para a expansão de informação artística mas um
péssimo meio para a seleção artística face a qualquer pessoa
poder expor os seus trabalhos, o que contribui para a
inundação da mediocridade artística. Uso habitualmente o
Facebook e o instagram.
Estando eu a trabalhar num contexto clínico, os meus
assuntos favoritos clinicamente são a Psicologia,
Neurociência, saúde mental, comportamentos aditivos. A nível
social e filosófico é a sociedade individualista e cultura do
espectáculo. Musicalmente, prefiro música visceral na sua
expressão que possa activar os meus sentidos e emoções.
Todos estes factores contribuem para a minha arte.
5. Como você aborda o seu trabalho?
Criativamente abordo o meu trabalho de forma espontânea,
em que a imagem é construída metodicamente. Existem
diversos passos entre o ínicio da pintura e o seu final. A
primeira fase da minha pintura é a fase do Caos da action
painting, onde os gestos e derrame fluem. A segunda fase é a
fase da racionalidade e ordem em que os objectos são
formados.
Temporalmente, abordo os meus trabalhos numa linha
cronológica em que observo o inicio mais objectivo inserido
num surrealismo ou simbolismo, depois uma fase inspirada no
cubismo e geometria e depois expressionismo
abstracto/informalismo. Observo portanto alterações na minha
forma de pintar, aprendizagem e plasticidade. Afirmo com
segurança que estou a criar um estilo próprio que poderei
chamar de Expressionismo Abstracto Onírico e Visceral ou
Neutral-ismo da escola de Francesco Perili.
6. Quais são os seus trabalhos de arte e artistas preferidos?
Artistas como Jackson Pollock (fase anterior aos drippings), Salvador
Dali, George Mathieu, Emilio Vedova, Francis Bacon,
Beksiński, Francesco Perili, Pablo Picasso…
7. Quais são as melhores respostas que você teve no seu
trabalho?
Respostas como ter ganho um concurso de pintura em Gaeta
no ano 2012 (Gaetarte 2012), críticos e curadores gostarem
da expressividade do meu trabalho e ser distinguido entre
trabalhos de outros artistas. Ser convidado para exposições e
concursos é também algo que aprecio. Por sua vez, ter sido
convidado a fazer parte do Movimento Internacional artístico
Neutral-ism sediado em Itália através do seu fundador
Francesco Perilli e sendo eu o representate do movimento em
Portugal, é para mim uma excelente resposta quanto ao meu
trabalho.
8. O que você gosta no seu trabalho?
Gosto da expressão visceral e onírica que consigo criar na
minha pintura. Brincar com a percepção dos observadores e
possuir a liberdade de fazê-lo. É o que se entende em
psicologia por mecanismos de Projecção e Percepção. Apesar
da minha pintura ser na sua forma abstracta, os elementos
oníricos do surrealismo são influenciados pela projeção e
percepção dos observadores e minha. A minha pintura não é
indiferente e gosto de me desviar do expressionismo abstracto
ou informalismo genérico. Se houver dificuldade em entrar no
minha pintura em movimentos de vanguarda é um motivo
ter orgulho porque estou usando a liberdade criativa
ao criar algo original.
9. Que conselho você daria a outros artistas?
Começar do zero.
Pintar inicialmente por instinto e informar-se sobre a história
da arte e movimentos artísticos. Procurar beber de várias
fontes e conseguir ter a capacidade de criar arte original. Esse
deve ser o principal foco, criar arte original. Outros factores e
oportunidades podem surgir após o trabalho criativo do artista.
10. Onde você se vê daqui a 5 anos ou a 10 anos?
Eu gostaria de me ver com os meus quadros vendidos e
expostos em muitos museus e galerias. Ser reconhecido
internacionalmente. Que a minha arte pudesse ter
influenciado alguém e se mantivesse intacta na sua génesis.
Isso far-me-ia sentir valorizado no meio artístico. É apenas um
desejo que transporto para os próximos 5 ou 10 anos.
Conseguir dar sessões de arte terapia seria algo muito
prazeroso também.
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Olívia da Costa é o nosso correspondente de artes para a Arts Illustrated em Portugal.
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