Art, // August 24, 2018
Keila Rosa — ARTIST
Entrevista com a artista Keila Rosa (O Cacto e a Rosa) —
1. Fale um pouco sobre você.
Keila Rosa, 41 anos, formada em Artes pela Faculdade Paulista de Artes em 2003, produziu e participou de alguns projetos artísticos, exposições coletivas, e hoje atua no que mais ama que é a xilogravura. Tem um projeto com seu parceiro, Matheus Ferreira, 37 anos, formado em Administração de Empresas, hoje sócios que se uniram no amor e na arte, fazendo nascer o Ateliê O Cacto e a Rosa. Inicialmente Matheus cuidava da parte administrativa e no decorrer do processo, acabou iniciando seu trajeto artístico com o Projeto Um Pelo Outro, um projeto autobiográfico, onde eles se retratam por desenhos de modelo vivo ou fotografia, os quais são transformados em xilogravuras.
2. Por que a arte?
A arte me liberta desse mundo real ao mesmo tempo em que cria uma nova realidade pro meu mundo, fica mais fácil viver nele quando se tem esse escape.
3. Qual é a sua lembrança mais antiga de querer ser uma artista?
Não tenho uma lembrança específica de qual foi o momento em que se deu o “start”, o desejo pelas artes, foi um processo natural, desde criança estudava música, fiz um curso de design de interiores, mas percebi que gostava do processo de criação, dos desenhos, e quando pude fazer uma faculdade, nunca enxerguei outra opção que não fosse a arte. E foi muito rico conhecer o que amo fazer hoje, que é xilogravura.
4. Quais são seus temas favoritos? E quais materiais utiliza?
Não tenho temas favoritos, todo novo projeto me seduz, melhor ainda quando é uma novidade, um desafio, porque a criação é a melhor parte. Nossos materiais se resumem em madeira, goivas, papéis, tintas e tecidos.
5. Como você trabalha e aborda o tema de suas obras?
Os temas relacionados ao trabalho podem vir de uma encomenda, de uma xilogravura personalizada, onde vamos contar ou registrar uma história, já veio de uma criança uma sugestão, e rendeu um trabalho cheio de amor. Convites de amigos artistas pra alguma produção coletiva ou de forma orgânica mesmo, como foi com o Projeto Um pelo Outro, eu e meu marido (e sócio), iniciamos num dos eventos uma xilogravura juntos, havíamos desenhado um ao outro, e colocamos isso na madeira, e entalhamos os dois juntos. Daí surgiu a ideia e o nome do projeto, a partir disso nasceram diversas xilogravuras, todas que remetem a momentos que foram importantes pra nós.
6. Algum artista te inspira?
Muitos artistas me inspiram, em linhas muito distintas… Desde José Francisco Borges, Oswaldo Goeldi, M. C. Escher, passando por Egon Schiele, Salvador Dali, Frida Kahlo, Aleijadinho, numa mistura de estilos, cores, técnicas, não teria fim essa lista de inspiração, inclusive de novos artistas incríveis como a Lucie Schreiner.
7. Quais são as melhores respostas que você teve ao seu trabalho?
A melhor resposta ao trabalho é sempre o sorriso de uma surpresa feliz, tivemos isso em diversas situações, quando uma criança de três anos me sugeriu de fazer uma xilogravura com um coração cheio de flores e ao presenteá-la com a gravura, os olhinhos sorriram! Quando pessoas do meio da arte elogiam e consomem nosso trabalho, como aconteceu com alguns curadores, a reação das pessoas ao Projeto Um Pelo Outro também é muito gostosa, ao saberem das histórias, elas gostam ainda mais do trabalho e se divertem muito com os títulos de duplo sentido. Surpreender é a melhor resposta!
8. O que você mais gosta em seu trabalho?
Sou um pouco tímida pra falar do meu trabalho, mas eu gosto da liberdade que ele tem, gosto de brincar com as matrizes, sobrepondo trabalhos, gosto de imprimir sobre imagens que já existem (como jogos americanos de restaurantes, por exemplo…) que de alguma forma dialogam com a nossa criação, ou fazem parte de algum momento vivido. O trabalho tem que fazer sentido pra mim.
Quais as suas principais participações em exposições? As 5 principais e mais recentes.
A retomada da arte da minha vida é relativamente recente, fiquei durante anos sem produzir, imersa num trabalho administrativo, meu marido (Matheus Ferreira) estimulou e trouxe de presente o ateliê pra que eu nunca mais parasse de produzir (rsrs). O Ateliê tem quatro anos de vida e de lá pra cá, participei de uma exposição coletiva em 2014 inspirada na Obra de Graciliano Ramos Vidas Secas, que renderam três obras. Em 2016 participei da exposição coletiva A.R (Artefato Refeito) na Verve Galeria, nessa proposta os artistas interagiram com as peças e o manual de um avião Cessna da década de 50.
Recentemente participamos de uma exposição coletiva na Assembleia Legislativa, Quando a cor cria formas, onde a luz e ausência de luz, foram representadas pelo preto e branco da xilogravura.
Agora em Setembro fomos selecionados para participar da 1ª Mostra Latino Americana de Gravura que ocorrerá em Londrina, reunindo 100 artistas de toda América Latina, uma grande honra pra nós, e em Outubro já temos mais uma participação na Exposição Ex Libris: Marca de uma identidade, que ocorrerá no Sesc de Palmas – Tocantins.
9. Que conselho você daria para outros artistas ou futuros artistas?
Anote todo “insight” que tiver, pode render ótimos trabalhos! E um clichê básico, siga seu coração sempre.
10. Onde você se vê daqui a 05/10 anos?
Num novo espaço onde a gente possa germinar e espalhar arte, onde possamos divulgar novos artistas, difundindo a xilogravura e diversas outras técnicas, o que hoje é um ateliê, queremos que vire um espaço cultural, movimentado com eventos, exposições, música e arte pra todos os olhares.
11. Planos para o futuro.
Viver da arte, pela arte!
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Edmundo Cavalcanti é nosso colunista de artes para Arts Illustrated em São Paulo, Brasil.