Art, // February 22, 2019
Luiz Saidenberg — ARTIST
Entrevista com o artista Luiz Saidenberg –
1. Fale um pouco sobre você.
Nasci em Piracicaba, estado de São Paulo/Brasil. Moro em São Paulo/SP.Formação acadêmica- ESPM- Escola Superior de Propaganda e Marketing. Nunca morei lá. Meu pai, como engenheiro agrônomo, sempre era transferido, então moramos em várias cidades, como Bauru, Bastos, Pindamonhangaba, Tietê, mas sempre voltávamos a Campinas, sede do Instituto Agronômico. Em 1955, ele teve um enfarte fulminante. Viemos para S. Paulo, pois precisava continuar estudando e ganhar a vida. Eu desenhava desde criancinha, e esse me pareceu ser o caminho certo. E assim segui, apesar da oposição da família. Aos 17 anos, trabalhei numa pequena agencia de publicidade. Depois, em um estúdio de flâmulas, coisa em moda na época. Depois numa pequena firma de desenhos animados, e finalmente estreei em quadrinhos, na Editora Outubro, de Jayme Cortez. Com mais três amigos desenhistas, alugamos uma sala no prédio Martinelli. Em 1962 fui para Porto Alegre, trabalhar na CETPA, Cooperativa de Revistas Nacionalistas, fundada por Leonel Brizola. Desgostoso com a politica voltei a São Paulo em 1963, para trabalhar na minha primeira grande agencia de publicidade, a McCannErickson. Depois dela, já como diretor de arte, trabalhei em umas doze das maiores agencias brasileiras, com direito a bis, em algumas. Trabalhei em publicidade durante quase quarenta anos, sempre com pouco tempo para desenhar ou pintar. Só teria mais liberdade após a aposentadoria, em 1995. Então pude, além de free lancer como ilustrador, dedicar-me mais à pintura e escultura em cerâmica.
2. Por que a arte?
Não foi minha escolha. Apenas segui o caminho natural, como um rio correndo para o oceano.
3. Qual é a sua lembrança mais antiga de querer ser uma artista?
Lembro-me, juntamente com Ivan, meu falecido irmão, de ficar rabiscando os primeiros desenhos nas páginas do Tesouro da Juventude. Teria, talvez, uns três anos. Minha sobrinha guardou os livros e neles se reconhecem aviões, submarinos, tanques. Estávamos na segunda guerra mundial.
4. Quais são seus temas favoritos?
Meus temas sempre foram ligadas à figura humana. Também tinha muita inspiração de bons desenhistas de quadrinhos, naquela época em sua fase dourada. Meu pai, generosamente, trazia todos os gibis daquela semana.
5. Como você trabalha e aborda o tema de suas obras?
Sempre com paixão. Senão houver esta, a chama não se acende, o trabalho tende a sair mecânico.
6. Algum artista te inspira?
Depende de qual campo. Para HQs, Alex Raymond, Hal Foster, Paul Gillon. Em pintura, mais os impressionistas, Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Edgar Degas, Toulouse Lautrec, Diego Velasquez, Peter Paul Rubens, Rembrandt and Joaquín Sorolla.
7. Quais são as melhores respostas que você teve ao seu trabalho?
Ganhei muitos prêmios, incluindo o Leão de Ouro, de Veneza, como publicitário. Trabalhei quase quarenta anos em propaganda, como Diretor de Arte em Criação. Recebi, em 2002 o Prêmio Angelo Agostini, como Mestre em Quadrinhos, e em 2018 o HQ Mix, como Grande Mestre.
8. O que você mais gosta sobre em seu trabalho?
O que mais gosto é quando o trabalho quase sai por si. Imerso nele, passo a ser quase um instrumento em suas mãos.
Quais as suas principais participações em exposições?
• Participei, e participo de algumas poucas exposições.
• Participei do Salão de Arceburgo/MG, Galeria de Christina Cocicov em Ubatuba/SP, Galeria Bric a Brac em São Paulo/SP.
• De uma grande exposição conjunta com minha filha Carolina Saidenberg no Círculo Militar de São Paulo/SP.
• Estarei expondo na inauguração da nova sede do Circolo Italiano em São Paulo/SP, a ser inaugurada breve, com temas referentes às fontes da velha Roma.
9. Que conselho você daria para outros artistas ou futuros artistas?
Que pesquisem a si próprios. Tenham a certeza absoluta de que realmente querem fazer carreira em artes. Se sentirem realmente essa inclinação, vão em frente, com coragem e dedicação.
10. Onde você se vê daqui a 05/10 anos?
Daqui a cinco anos, estarei já em idade avançada. Se viver mais dez anos, espero conservar ainda boa forma física e mental, para continuar, como sempre, trabalhando.
11. Planos para o futuro.
No nosso Brasil, é difícil fazer planos para o futuro, em qualquer campo, e no da arte não é diferente. Quero manter a esperança de fazer boas coisas, sempre aprendendo a ser um artista e um ser humano melhor.
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Edmundo Cavalcanti é nosso colunista de artes para Arts Illustrated em São Paulo, Brasil.